quarta-feira, 1 de julho de 2009

País dos milionários


Por esses dias, ao ligar a TV no horário matutino, deparo-me com o programa da Ana Maria Braga, do qual participava o educador financeiro Mauro Calil. O tema da palestra era "como administrar seus gastos", e o palestrante afirmava que deveríamos contar sempre como se dispuséssemos somente de 70% do total dos nossos ganhos.
Como exemplo, supôs-se que num total de "R$20.000,00, deveríamos somente dispor de R$14.000,00, e o restante ficaria como reserva", a fim de que a possibilidade de ficarmos endividados fosse mínima; raciocínio correto, mas convenhamos, um tanto irreal face à realidade de um país no qual aquele que ganha acima de R$1500,00 mensais está dentro da "elite" daqueles considerados ricos.
Falando em termos realistas, quem ganha aqui no Brasil R$20.000,00 por mês só fica endividado em poucas situações:

1) Quer ter um nível de vida igual ao Ronaldo fenômeno;

2) Tem uma família composta de: Marido, mulher, doze filhos, três cunhados, duas tias e uma avó, vivendo todos eles à custa do marido e/ou esposa;

3) Faz questão de coisas inúteis (bolsas da Louis Vuitton, Ferrari na garagem, passar todas as férias de Julho na Europa, etc..

Não sou contra o conforto, muito menos contra algumas extravagâncias ocasionais, pois afinal de contas a vida não é só comer, beber e dormir.

Falo isso porque ficou-me no cérebro a nítida impressão de que a TV, de maneiras indiretas, cuida inteligentemente de manter o grosso da população eternamente insatisfeita, e para conseguir esse intento, mascara a realidade, distorcendo padrões.

Fala-se em ganhar R$20.000,00 como se fosse uma quantia mediana, módica até, dessa maneira fazendo com que aqueles que ganham um salário considerado "na média" envergonhem-se do fato. Daí para o exercício do consumismo é um pulo; já que não podem ganhar tanto como desejam, que pelo menos pareçam ter um nível de vida que absolutamente não têm condições de bancar, e para isso dá-lhe griffes da moda, marcas famosas e mais coisas do mesmo gênero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário