sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vila Madalena: um pseudo-universo


Conhecida pela intensa vida noturna e também por ser reduto de intelectuais e artistas de todas as espécies, a Vila Madalena, ao longo dos últimos anos tornou-se irreconhecível para aqueles que a conhecem há muito tempo, nascidos ou não no local.

Quando digo há muito tempo, refiro-me a um período de aproximadamente 30 anos atrás, na época em que seus habitantes e personagens faziam a imagem do bairro, e não o oposto, que é justamente o que ocorre hoje em dia.

Naqueles velhos tempos, a personalidade da Vila era consequência natural do modo de vida de seus habitantes, que por motivos variados por lá aportaram em algum momento; artistas, músicos, hippies, gente atrás de um pouco de sossego e opções alternativas de vida. Aliás, naquela época nem existia a palavra "alternativa" no sentido que é usada hoje em dia, que significa atualmente "aquilo que ninguém gosta, mas aqueles que se dizem alternativos afirmam gostar, só para se declararem diferentes".

Ora, neste ridículo esforço para parecerem diferentes, os ditos alternativos atuais, também conhecidos como "da Vila", acabaram formando uma tribo que em nada difere daqueles outros que são considerados por eles como "povão". Claro, os que se consideram "da Vila" são mais descolados, intelectuais, conhecem tudo que o povão ignora, julgam pertencerem a uma classe especial que aprecia coisas que só são compreensíveis por uma minoria genial, e que os outros não passam de simples desmiolados que gostam do que todo mundo gosta, ou seja, não têm personalidade.

Acontece porém, que consciente ou inconscientemente, ao criarem uma espécie de "griffe" comportamental, os que se dizem "da Vila" igualaram-se àqueles que desprezam, apenas mudou-se a roupagem.

O que é mais patético do que ouvir um típico diálogo de um representante da Vila?



"Você já ouviu o último CD do Antonino Aparecido Cruz Credo da Conceição? Aquilo sim que é música!"

"Nossa, demais, põe no chinelo qualquer cantorzinho tipo esses aí que tocam na rádio."

"Pois é, mas fazer o quê, o povão ainda não está preparado para apreciar um artista desse nível, coitadinhos!"



O mais engraçado de tudo isso é que geralmente um artista cultuado pela elite Vila-Madalenense é um pseudo-artista fracassado, mas a culpa não é dele, e sim, do povo, que não possui neurônios suficientes para compreender tão elevada forma de expressão artística. Curiosamente, isto geralmente é afirmado pelas mesmas pessoas que dizem que o artista e a arte pertencem ao povo.

Obviamente que existem diferenças entre manifestações culturais; é praticamente unanimidade que não se pode comparar uma sinfonia de Beethoven com as músicas do Genival Lacerda. A primeira é fruto de pensamentos e aspirações elevadas, que transcendem o espírito humano, enquanto a segunda é apenas um reflexo de sentimentos mais próximos do instinto de perpetuação da espécie do que qualquer outra coisa.

Serei sincero: não gosto das músicas do Roberto Carlos, não porque não sejam boas, afinal, tudo aquilo que cumpre a finalidade para a qual foi feita pode ser considerada boa, e neste quesito Roberto Carlos é insuperável. Apenas não me agradam manifestações melosas de paixão, mas isso não me impede de respeitá-lo como artista, e declaro que ele merece estar aonde está, pois ele é realmente bom.
Acho extremamente hilariante uma suposta elite intelectual dizer gostar de coisas que ninguém mais gosta apenas para se auto-endeusarem e colocarem-se num pedestal inacessível para aqueles que não são iniciados na genialidade artística só encontrada naqueles que são "da Vila". O povo é uma besta e eles são os eleitos. Mas ainda algum habitante "da Vila" há de falar em alto e bom som, com uma expressão entediada bem característica:

"Toda unanimidade é burra."

Sim. Inclusive aquela que considera Machado de Assis um grande escritor, Al Pacino um irretocável ator, Da Vinci uma mente brilhante muito além de seu tempo. Totalmente compreensível.
Afinal de contas, nenhum deles são "da Vila Madalena."

sábado, 18 de julho de 2009

A crise é a causa da crise


Naquela cidade, todos viviam uma vida tranquila e sem surpresas, a não ser aquelas normais na existência da maioria das pessoas; a namorada que engravida inesperadamente, um acidente, um carro furtado, e vários outros que grande parte de nós já conhece, ou por ter vivenciado, ou por saber de alguém que já passou por algo semelhante.
Era uma segunda feira normal, preguiçosa, e continuaria assim se uma notícia nos jornais não deixasse pelo menos metade da população com a pulga atrás da orelha:

"Crise ameaça tomar conta do país"

"Crise? Como assim? - perguntava a pequena aglomeração em frente a vitrine da loja de revistas.
"Sei lá, deve ser alguma coisa relacionada a dinheiro, finanças, essas coisas todas que são um mistério para a maioria de nós" - disse um dos que estavam postados defronte a loja.
"Mas se é coisa que mexe com nosso dinheiro, acho melhor a gente procurar saber melhor do que se trata" - falou outra pessoa.
"Credo, mexer no meu dinheirinho suado? Nem pensar!"
"Virgem santa, acho que o melhor, por via das dúvidas, é nem mexer mesmo no dinheiro, vai saber se essa tal de crise pega todo mundo de calças curtas, hein?"
"Isso mesmo, enquanto não sabemos o que está havendo, o melhor a fazer é procurarmos não gastar, sabe como é...prudência nunca fez mal a ninguém..."

Aquela segunda feira seria lembrada anos após como "Aquela maldita segunda".

Fora essa notícia inquietante, tudo correu como deveria correr naquela semana, a não ser por alguns detalhes curiosos.
Curiosamente, o supermercado da cidade vendeu naquela semana, segundo estimativas do gerente do mesmo, cerca de 20% menos. Não era ilusão, afinal aquelas peças de carne, além das frutas, verduras e demais gêneros que se deterioraram por terem sobrado eram bem reais. O que fazer então? Óbvio, comprar menos do fornecedor, afinal de contas, tomar prejuízo em plena crise...ah, a tal "crise" que ninguém sabia o que era e nem de onde veio...
Sexta feira, 19:00h, a maioria dos comerciantes se encontrava no bar de costume para a "happy hour". O dono da padaria chegou, e logo avistou o gerente do supermercado sentado na mesa mais ao fundo, com uma expressão preocupada no rosto:

"Boa noite, que cara é essa, Seu Tonico?"
"Nem me fale, nem me fale...perdi muita mercadoria esta semana, Seu Jorge. Tive de jogar fora mais de cem quilos de carne e outro tanto de legumes e verduras."
"Caramba, mas o que acontece?"
"Sei lá, parece que o povo todo está de regime, ninguém compra mais nada...levam o essencial e olha lá, quem comprava dois quilos de feijão só levou um..."
"Então eu não errei nas minhas contas, esta semana me sobraram dois sacos de farinha, cheguei até a pensar que o padeiro estava fazendo pães menores" - disse Seu Jorge.
Naquele momento, chegava o mecânico; sentou-se defronte aos dois homens e pediu, como de costume, uma cerveja e uma dose de cachaça.
"Bartolomeu, vai me dizer também que esta semana não foi boa para você também..." - falou Seu Tonico.
"Ruim, ruim, até que não foi, mas poderia ter sido melhor. Tem gente andando a pé pra não ter de gastar com o carro."

Conversas assim repetiram-se, com pequenas variações, pela cidade inteira naquela noite.

E assim foram-se passando os dias, as semanas, os meses, ninguém comprava, consequentemente ninguém vendia; estabelecimentos comerciais fechavam as portas, arrastando consigo os fornecedores e produtores, dependentes lógicos das vendas ao consumidor. Com isso, cada dia fazia-se maior e mais assustadora a sombra do desemprego, com todas as suas horríveis consequências: fome, violência, desânimo e descrença geral.

Aquela cidadezinha, outrora próspera, agora não passava de uma aglomeração na qual via-se na fisionomia carrancuda e assustada dos seus habitantes o mais terrível e paralisante inimigo do homem: o medo.

Medo da pobreza, medo da violência, medo da falta de trabalho.

Esse estado de espírito geral refletia-se no aspecto da cidade; praças públicas, antes sítios aprazíveis, onde as crianças divertiam-se livremente sob o olhar zeloso porém tranquilo dos pais, transformaram-se em lugares horrendos nos quais a sujeira e o descuido eram regra, e os pequenos não mais se atreviam a brincar nas gangorras e balanços semi destruídos, menos por receio de um acidente do que de um assalto.

Aquela cidade chegara ao fundo do poço. Tudo isso por culpa da crise.

Mas, como diz a sabedoria popular, o lado bom de chegarmos ao fundo do poço é que não nos resta outra alternativa a não ser tentar ir para cima novamente. Alguém pensou assim, e inconformado com a situação, resolveu dar férias ao medo, pois de certa maneira, não mais fazia sentido temer qualquer coisa, afinal, tudo aquilo que era mais temido já havia acontecido mesmo.
Estando a mente desocupada do importuno hospedeiro chamado medo, que suga praticamente todas as energias do cérebro tal e qual um asqueroso carrapato psíquico, pode então a inteligência do homem manifestar-se e raciocinar logicamente, pois as consequências da tal crise foram lógicas, e somente pensando-se igualmente com clareza e lógica poderia-se atinar com a causa da desgraçada situação e arquitetar-se um plano de ações eficazes para resolverem-se os problemas causadores do infortúnio geral.

Chamemos esse alguém, na falta de melhor nome, de "O Pensador"

Sentando no banco da praça, com o sol aquecendo suas costas, a primeira coisa que veio à cabeça do Pensador foi a seguinte pergunta, a primeira dentre várias que seguiram-se naquele diálogo consigo mesmo:

" Afinal de contas, o que é a crise?"
"Ora, neste caso, é a falta de dinheiro, dinheiro este que serve para satisfazermos nossas necessidades pessoais, utilizando-o para adquirir bens tais como: alimentos, roupas, calçados."
"Mas o que acontece se eu não comprar, ou comprar menos do que necessito?"
"A resposta é lógica: em primeiro lugar, me ressentirei da falta daquilo que necessito e não adquiro, portanto minha qualidade de vida decairá. Em segundo lugar, sofrerá um declínio também a vida do comerciante, pois o mesmo não terá saldo suficiente para saldar as mercadorias que adquiriu do produtor, que consequentemente também não conseguirá arcar com os custos de sua produção"
"Quer dizer que o consumidor é o elo mais importante neste processo?"
"Sem dúvida. Se o consumidor não compra, o comerciante não vende, e logicamente o produtor não vende também; para tentar não ir à falência, tanto um como outro terão de cortar custos: diminuir o consumo de eletricidade, de água, e também o número de empregados, ocasionando o tão temido desemprego."
"Então, o consumidor é indiretamente reponsável pelo desemprego?"
"Sim e não. No caso do cliente ou clientes propositadamente diminuirem o volume de compras com o intuito de levar à falência o comerciante, os mesmos podem ser considerados culpados. Mas neste caso, o que levou à diminuição das compras não foi a livre vontade dos consumidores, mas sim, o medo da crise."
"Mas de onde veio este medo?"
"De uma notícia no jornal."
"Teria por acaso esta notícia aparecido do nada?"
"Certamente que não."
"Raciocinando-se, somente consigo imaginar que esta notícia poderia ter sido colocada unicamente por alguém que tenha interesse em que as pessoas não gastem seu dinheiro, ou seja, mantenham-o na conta bancária; não me sai da cabeça que esta tal de crise é coisa de banqueiro. Mas de que serve ao banqueiro o dinheiro empatado, parado na conta?"
"Simples. Quando surgiu o primeiro banco, seu proprietário assim dizia: -Se você tem medo de ser roubado, deixe seu dinheiro conosco, mediante o pagamento de uma pequena taxa, nós tomaremos conta dele para você. Possuímos guardas armados dia e noite, durma tranquilo enquanto vigiamos seu dinheiro."
"Ainda não entendi..."
"Chegaremos lá. Como naquela época eram muito mais frequentes os roubos e assaltos, os bancos tinham sob sua custódia quantidades cada vez maiores de dinheiro cujos donos mantinham-no lá o máximo de tempo possível, somente retirando a quantia estritamente precisa para suas necessidades mais urgentes."
"Entendo, o banqueiro ganha mais quanto maior a quantidade de dinheiro por ele guardada. Mas mesmo cobrando uma taxa proporcional à quantia guardada, em caso de um assalto, o dono do banco não poderia ir à falência?"
"Claro, mas um belo dia um banqueiro esperto teve uma grande idéia, e pensou assim: -Já que a maioria das pessoas prefere manter suas economias guardadas aqui em meu banco, bem que eu poderia utilizar o dinheiro delas para comprar mercadorias e revendê-las com lucro. A vantagem é que, além de não precisar utilizar dinheiro meu para tal empresa, ainda ficarei com os lucros das transações, aumentando o meu patrimônio particular, e em breve serei um homem rico! E ainda por cima, se meu banco for assaltado, terei uma reserva para indenizar aqueles que sofrerem prejuízo!"
"Então agora as coisas começaram a ficar claras para mim!"
"Exatamente. Para um dono de banco, o que interessa é que os clientes mantenham lá o seu dinheiro o maior tempo possível. Nem que tenham de inventar uma suposta crise para conseguir seu intento. Afinal de contas, a sua sobrevivência depende da aplicação do dinheiro alheio."
"Mas, o que acontece com aqueles que por não conseguirem honrar seus compromissos com seus devedores pediram empréstimo aos bancos? Se aos banqueiros interessa manter o dinheiro lá dentro, então emprestar, isto é, retirar dinheiro do banco não vai contra os interesses deles?"
"Sim, mas para isso inventaram os juros, que são, ou deveriam ser, uma compensação que o que toma emprestado deve pagar àquele que empresta, de forma a cobrir o que o banco ganharia se o mesmo utilizasse a quantia emprestada para, digamos, comprar maçãs e revendê-las com lucro."
"Todavia, conheço alguns comerciantes que pediram empréstimo ao banco e pagaram quantias que chegam ao dobro do que foi emprestado."
"Tem razão. Eis justamente a razão de em plena crise serem justamente os bancos as empresas que mais crescem. Como são justamente eles os donos do dinheiro, dinheiro alheio dos correntistas diga-se de passagem, então impingem uma espécie de ditadura: -Se quiserem dinheiro emprestado, tem de ser à minha maneira!"
"Entendi. Os bancos inventam uma crise com o intuito de fazer com que as pessoas mantenham lá seu dinheiro, e em consequência disto, o comércio em geral vai se apertando, e para não falir, recorrem aos empréstimos, e lá vai o banco a ganhar novamente mais ainda..."
"Perfeito. Os bancos causam a doença, e também vendem o remédio. Só que é um remédio vendido exclusivamente pelo próprio banco, e que ainda por cima não cura a enfermidade, ao contrário, deixa o desgraçado organismo cada vez mais fraco de maneira que fique mais sujeito a novas doenças, que precisarão de mais remédios que não curam, e tudo gira assim numa roda que não tem mais fim."
"Malditos sejam! Não terá cura por acaso essa doença?"
"Tem sim. Como na maioria dos casos, melhor do que curar-se é evitar ficar doente."
"Como fazer isto?"
"Simples. Já chegamos à conclusão que a falência do comércio e dos produtores é consequência lógica da diminuição de suas vendas, e que o consumidor é o elo mais importante."
"Sim, continue."
"Você se lembra daquela maldita segunda feira? Acredito que naquele dia ninguém estava sem emprego, e nem tinha o salário diminuído. Por que então aquele medo todo de usar o dinheiro? Medo da crise?"
"Tem razão. Fomos todos vítimas do medo, só de ouvir falar na tal crise enfiamos a cabeça no buraco tal qual fazem as avestruzes, ao invés de mantermos os olhos abertos para ver de onde vinha o real perigo."
"Então, por mais que venham notícias de crise, não deixem de comprar aquilo que necessitam. Não digo esbanjar, isto é, comprar mais coisas que necessitam, mas sim, comprarem o que realmente precisam, pois o dinheiro precisa circular, é o sangue da economia, cada vez que deixo de adquirir o que preciso e posso adquirir, alguém vai sofrer as consequências; destas, acho que não preciso falar, pois você já sentiu na carne o que pode acontecer. Não deixe o dinheiro parado na conta do banco, não o esbanje, mas sim, utilize-o, ele é seu, é fruto de seu trabalho, é justo que ele trabalhe para você, e não para aqueles que vivem da exploração da miséria criada por eles mesmos.
"Mas, por outro lado, se eu quiser guardar dinheiro para comprar algo mais caro futuramente, seria errado então colocar o dinheiro na poupança?"
"Veja bem, nada errado há em poupar, mas pense bem: se você coloca determinada quantia, digamos, $100,00 na caderneta de poupança, quanto você terá ao término de um mês?"
"Bem, deixe-me lembrar...acho que em torno de 1% a mais, se chegar a isso, então terei $101,00."
"Certo, agora lhe pergunto: se você pegar os mesmos $100,00 e comprar, por exemplo, 50Kg. de maçãs a $2,00 o Kg., e revendê-las a $2,50 o Kg., você terá então $125,00, muito mais do que a poupança lhe paga, e provavelmente num prazo muito menor, nem é preciso esperar um mês! Além disso, ao comprar produtos do produtor, ainda o estará ajudando."
"É bem real isto. Agora lembrei-me de que um certo conhecido meu precisou fazer um empréstimo no banco do qual era correntista. Sabe quanto cobraram-lhe de juros? Mais ou menos 5% ao mês! Quer dizer, quando você põe o dinheiro na poupança, isto é, empresta suas economias ao banco, eles pagam somente 1% ao mês na melhor das hipóteses. Já quando a situação se inverte, você tem de lhes pagar no mínimo 5% ao mês. Que grande negócio!"
"Excelentíssimo negócio, não é à toa que os bancos são as empresas mais prósperas do país!"
"Se todos fizerem isto, a quantia de dinheiro nos bancos não vai diminuir?"
"Claro que sim, assim como também diminuirá a quantidade de empréstimos solicitados aos bancos, pois quando o comerciante ganha bem, consequência lógica dos consumidores estarem gastando normalmente, não terá ele a necessidade de contrair empréstimos de instituições vampirescas, comprará também cada vez mais do produtor, que em virtude da quantidade cada vez maior adquirida pelo comerciante, baixará seus preços, e se o dono do estabelecimento for consciente e honesto, repassará este desconto aos seus clientes, que então comprarão ainda mais e assim todos prosperarão."
"Então acha que os bancos devam extinguir-se?"
"Veja bem, não acho que exista nada de ruim nos serviços bancários, o que existe de negativo é o abuso cometido, que consiste em criar uma situação na qual praticamente obriga-se o infeliz sujeito a tomar o amargo remédio que não cura, e mantê-lo nesta situação humilhante e degradante somente em benefício de uma minoria. Não há nada de mal em ter-se lucro, desde que esse lucro não venha à custa do sofrimento e desespero alheio. O crédito é necessário, grande parte do desenvolvimento de uma nação depende dele, mas quando esse crédito passa a ser escravidão a interesses exclusivos de alguns, então todo e qualquer benefício para a sociedade que poderia originar-se deste crédito anula-se. Por exemplo, se um médico obtém crédito para montar uma clínica em uma pequena cidade, mas ao mesmo tempo vê-se obrigado a destinar quase todo seus recebimentos para saldar as dívidas oriundas de um financiamento extorsivo, esse mesmo médico trabalhará exaustivamente somente para não ficar inadimplente, sendo obrigado forçosamente a desviar sua missão da finalidade principal, que seria com o tempo aumentar sua clínica, ou adquirir mais e melhores equipamentos de maneira a atender mais e melhor seus pacientes, que é a finalidade última de um médico. Na verdade, estará trabalhando para o banco, e não para a população. Multiplique-se esta situação por mil, ou um milhão de casos separados, e terá então o motivo verdadeiro da má situação da nação."
"Fantástico, a coisa explicada assim fica clara, ao contrário daquela linguagem cheia de palavreado técnico que os economistas falam na TV, e mais confunde do que esclarece"


"Sr. Prefeito, Sr Prefeito, acorde, já são quase oito horas!"

A secretária batia na porta do gabinete, pois havia visto o automóvel do prefeito em frente ao prédio e certamente ele havia novamente adormecido em cima da mesa de trabalho.

Com um sobressalto, o prefeito daquela pequena cidade despertou de seu sonho, por instantes permaneceu confuso naquele estranho estado que é o limiar entre o sonho e a realidade, porém logo já se achava de pé e senhor de seus pensamentos.

"Meu Deus, que sonho! Se não me acordassem, não sei quando iria terminar aquela história da tal crise! Estaria mentindo se disser que tudo aquilo que sonhei não me impressionou até o fundo da alma!"

O prefeito estava em seu gabinete desde a noite anterior, a fim de dar uma espiada em alguns documentos que havia esquecido lá e lembrara-se à última hora. Havia sentado-se em sua mesa, colocado uma música relaxante enquanto remexia e relia alguns papéis, e nesse meio tempo, devido ao cansaço acumulado durante a semana, acabara adormecendo e sonhado ali mesmo.
Já com o sono espantado para longe de si, abriu a janela, que dava para a praça principal da cidade, de onde se avistava do outro lado a loja de revistas; qual não foi sua surpresa quando reparou numa multidão que se aglomerava junto à vitrine da loja.
Com o coração batendo descompassadamente, lavou o rosto, e foi praticamente correndo que chegou à loja no outro lado da praça. Abrindo caminho na multidão, ficou face a face com o jornal que trazia estampada na primeira página a notícia que foi o motivo de tamanha aglomeração:

"Rita Cadillac fará show no Ginásio Desportivo amanhã às 21:00h"

Uma onda de alívio passou pela sua cabeça. Virou-se e voltou à sede da Prefeitura, sorrindo e caminhando calmamente. Os transeuntes que ali passavam entreolharam-se espantados; um deles falou:
"Não sabia que o prefeito era assim tão fã da Rita Cadillac, olha só o jeito que ele veio correndo pra ver o jornal! E ainda saiu com um sorriso deste tamanho!"













quarta-feira, 1 de julho de 2009

País dos milionários


Por esses dias, ao ligar a TV no horário matutino, deparo-me com o programa da Ana Maria Braga, do qual participava o educador financeiro Mauro Calil. O tema da palestra era "como administrar seus gastos", e o palestrante afirmava que deveríamos contar sempre como se dispuséssemos somente de 70% do total dos nossos ganhos.
Como exemplo, supôs-se que num total de "R$20.000,00, deveríamos somente dispor de R$14.000,00, e o restante ficaria como reserva", a fim de que a possibilidade de ficarmos endividados fosse mínima; raciocínio correto, mas convenhamos, um tanto irreal face à realidade de um país no qual aquele que ganha acima de R$1500,00 mensais está dentro da "elite" daqueles considerados ricos.
Falando em termos realistas, quem ganha aqui no Brasil R$20.000,00 por mês só fica endividado em poucas situações:

1) Quer ter um nível de vida igual ao Ronaldo fenômeno;

2) Tem uma família composta de: Marido, mulher, doze filhos, três cunhados, duas tias e uma avó, vivendo todos eles à custa do marido e/ou esposa;

3) Faz questão de coisas inúteis (bolsas da Louis Vuitton, Ferrari na garagem, passar todas as férias de Julho na Europa, etc..

Não sou contra o conforto, muito menos contra algumas extravagâncias ocasionais, pois afinal de contas a vida não é só comer, beber e dormir.

Falo isso porque ficou-me no cérebro a nítida impressão de que a TV, de maneiras indiretas, cuida inteligentemente de manter o grosso da população eternamente insatisfeita, e para conseguir esse intento, mascara a realidade, distorcendo padrões.

Fala-se em ganhar R$20.000,00 como se fosse uma quantia mediana, módica até, dessa maneira fazendo com que aqueles que ganham um salário considerado "na média" envergonhem-se do fato. Daí para o exercício do consumismo é um pulo; já que não podem ganhar tanto como desejam, que pelo menos pareçam ter um nível de vida que absolutamente não têm condições de bancar, e para isso dá-lhe griffes da moda, marcas famosas e mais coisas do mesmo gênero.

domingo, 14 de junho de 2009

Ecologicamente (in)correto?


Ecologia, ecologicamente correto, reciclagem....eis algumas das palavras que atualmente pairam sobre nossas cabeças como nuvens terríveis e ameaçadoras precursoras de tempestades que desabarão sobre nós caso nos recusemos a segui-las ou ouvi-las.

Tendo em mente o pressuposto de que tudo aquilo, ou quase, que nos é repetido insistentemente, dia após dia, hora após hora, geralmente é uma mentira que querem que se transforme em verdade, passei a questionar o porquê desse barulho todo a respeito do tema, além da lógica que supostamente há nesta atitude.
Parti então de alguns princípios:

1) A Natureza é lógica.
A Natureza, tal qual a conhecemos, não tem princípios morais, nem emocionais; ela segue estritamente tudo aquilo que é naturalmente mais lógico. Uma espécie é fraca? Elimine-a. Uma espécie é mais forte? Naturalmente esta predominará sobre as demais. O rio foi represado? Fatalmente outros lugares se inundarão.

2) O ser humano não é predominantemente lógico.
Somos, em diferentes proporções individualmente, uma mistura de razão e emoção, sendo que a primeira, que é parceira da lógica, segue seu curso independente de quanto a segunda se oponha à ela pelos mais misteriosos motivos. Existe um paradoxo aqui; faz parte da lógica que o ser humano seja emocional, eis mais um dos truques da natureza para que o homem jamais deixe de pensar e se desenvolva mentalmente.

3) A parte mais sensível do homem é o bolso.
Verdade absoluta, e portanto, inquestionável.

Respeitando-se esses três princípios (eis aqui o número três novamente...), a que conclusão chegamos?

O ecologicamente correto não é logicamente correto.

Alguns me perguntarão: "Mas como não é correto reciclar os materiais? Você prefere deixá-los abandonados, poluindo nosso planeta?" Explicarei.
Estamos vendo as coisas referentes ao tema sob uma só ótica, a ótica da ecologia. Mas ela sozinha não oferece uma visão abrangente, somente consegue abraçar parcialmente o tema. Analisando-se estas coisas da maneira que nos são propostas, seria equivalente a lermos um livro começando-se pelo fim. Simplesmente podemos imaginar como foi o começo da história, ou então dizermos "Concordo", mesmo sabendo que não entendemos nada daquilo que nos foi dito, simplesmente aceitamos como verdade aquilo que nos foi imposto. Sem questionamentos e sem dúvidas. Nada mais cômodo do que isto para mantermos nossas consciências limpas.
O que seria então o logicamente correto?

Seria o não termos o que reciclar.

Por quê reciclarmos garrafas PET, se podemos usar garrafas de vidro?
Por quê reciclarmos papel, se podemos prescindir do mesmo em muitas coisas?

Vejam bem, não devemos confundir reciclagem com reutilização, são duas coisas diferentes.
Não sou contra a reciclagem, sou plenamente defensor do não desperdício de materiais cuja produção é dispendiosa. Apenas afirmo que hoje em dia recicla-se coisas demais, antes mesmo que as mesmas estejam tão desgastadas a ponto de justificar seu envio ao desmanche ou reaproveitamento. Da maneira que as coisas estão atualmente, a reciclagem tão proclamada como a penicilina do meio ambiente, nada mais é do que a consequência de uma indústria de descartáveis, com a diferença de que os detritos gerados pela mesma são reaproveitados sem nenhum benefício a não ser para aqueles mesmos que os produzem. Ou seja, compramos a preço de descartável (mais caro) aquilo que foi reciclado. Bem diferente do que seria se nos ativéssemos mais à reutilização dos produtos. Não se enganem com essas histórias de respeito à natureza, preocupação com o ambiente, e mais coisas do gênero. Mesmo com toda essa política de reciclagem tão apregoada pelas empresas, o lixo no mundo aumenta cada vez mais, fato que não deveria ocorrer caso essas histórias fossem mais verdadeiras do que os contos dos Irmãos Grimm.
Nos idos dos anos de 1960/ 1970, dos quais sou contemporâneo, mesmo sem que a grande maioria das pessoas sequer imaginasse que houvesse algo chamado ecologia, éramos mais lógicos; darei alguns exemplos:

-Não haviam sacolas plásticas nos supermercados, mas sim, sacos de papel. Após chegarmos em casa com as compras, podíamos utilizar os sacos como papel para anotações, após recortarmos os mesmos no formato adequado.
-Os refrigerantes somente existiam em embalagens de vidro, pagávamos apenas o líquido. Felizmente, atualmente algumas marcas de bebida estão tendendo ao retorno desta prática.
-Não havia sacos plásticos de lixo, o coletor despejava o conteúdo do balde de lixo caseiro (geralmente metálico, que durava muitos anos) diretamente na caçamba do caminhão. Neste mesmo lixo havia geralmente pouquíssimos resíduos não-orgânicos, pelo simples fato de que naquela época não haviam tantos materiais sintéticos não-biodegradáveis. Os restos que por acaso permanecessem na lata de lixo, eram lavados e jogados no quintal da casa, geralmente de terra, e transformava-se em adubo. Haviam muitas casas com quintal de terra, portanto havia mais árvores e menos enchentes, pois a quantidade de solo permeável era muito maior.
-Quando os vasilhames de vidro e artefatos metálicos já se apresentavam muito desgastados, geralmente após muito tempo de uso, eram recolhidos pelos "carroceiros", que os encaminhavam para a reciclagem.

A reciclagem é benéfica, mas desde que o ciclo de utilização dos produtos seja mais longo.
Isso somente poderá ser conseguido com a melhora da qualidade das embalagens e vasilhames, além da fabricação de produtos mais duráveis, fatos estes totalmente contrários aos interesses da maioria das indústrias. Infelizmente para nós.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sistema de cotas - torça para entrar, reze para sair


Sou totalmente e absolutamente contra.
Para início de conversa, se começarmos a criar cotas para as "minorias desfavorecidas", acabaremos favorecendo a maioria. Sim, pois se somarmos todas essas "minorias", o resultado será maior do que a "maioria"!
O sistema de cotas é apenas um paliativo com péssimos resultados futuros, pois ele não cura a doença, apenas joga mais para a frente os danos. A verdadeira e única solução será a educação que siga um roteiro e uma sequência desde o jardim da infância até a pós-graduação. Não adianta jogar um sujeito na faculdade e depois dizer: "Bom, você já entrou, agora vire-se para sair."
Como a finalidade de um curso superior é, pelo menos em teoria, formar pessoas com capacidade para tal ou qual ação, o ÚNICO critério a ser adotado quanto à seleção deve ser a competência, quesito este que deve ser adquirido e estimulado desde o início da vida escolar; não importa se negro, branco, amarelo, deficiente, a seleção natural se realizará. Afinal de contas, as capacidades individuais são diferentes, e dar a mesma chance a um gênio e a um cretino é injustiça.

"A verdadeira justiça consiste em tratar os desiguais desigualmente"

Inclusão social


Ouvindo por esses dias a Rádio CBN, deparei-me com um concurso intitulado "Prêmio universitário de jornalismo", e um dos temas, "Inclusão social", chamou-me a atenção, pois realmente nunca havia parado para pensar sobre o significado disto. A princípio, pareceu-me uma coisa simples, mas quanto mais pensava no assunto, mais e mais aprofundava-se em minha mente o porquê da palavra "inclusão", pois em minha opinião, essa mesma palavra soa algo forçado, como se fosse algo não natural, assim como é natural os seres humanos com afinidades aproximaram-se uns dos outros.
Após inúmeras taças de vinho, o que aparentemente conclui foi o fato de que a expressão "inclusão social" está incorreta.
Não devemos incluir socialmente ninguém, sob o risco de colocarmos, às vezes até contra a vontade do próprio indivíduo, pessoas completamente sem afinidade nenhuma entre si reunidas em algo que nem elas mesmas sabem se querem!
A inclusão deve ocorrer naturalmente, da mesma maneira que substâncias afins automaticamente atraem-se. Tentar obrigar alguém a "incluir-se" é como forçar um objeto redondo a entrar em um orifício quadrado: ou ele não entra, ou se entrar, acaba todo deformado.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O mundo material

Existem quatro tipos de homem a saber:

1) Aquele que fala muito e não faz nada;
2) Aquele que fala muito e faz muito;
3) Aquele que não fala nada e não faz nada;
4) Aquele que não fala nada e faz muito.

Passaremos pois à análise desses quatro tipos fundamentais de indivíduos.

1) Basicamente, no mundo prático esse homem pertence à classe daqueles que se consideram injustiçados pelo mundo e pelo resto da humanidade. Seu passatempo favorito e razão de sua existência resume-se em lamentar tudo que acontece à sua pessoa; se algo ruim acontece, afirma ser o mais desaventurado dos homens (embora quase nunca analise se os acontecimentos são conseqüência de seus atos...). Surpreendentemente, quando calha da vida lhe apresentar surpresas agradáveis, também reclama; afirma que ele merecia mais, diz também que os outros fazem a mesma coisa e agem da mesma maneira que ele e recebem da vida muito mais em troca.
Obviamente, um sujeito dessa espécie jamais estará satisfeito com coisa alguma. Conclui-se então que a solução para seus problemas consiste em que o restante da humanidade sacrifique-se para atender seus pedidos e desejos, pois só assim será feita a justiça (de acordo com seu raciocínio altamente parcial). Claro, ou você por acaso acha que vale a pena perder uma noite de sono para fazer coisas que ele considera deveres de outros?
Este tipo de homem tem como habitat natural os bares e afins, ou seja, onde houver bebida ou qualquer outra coisa que o faça esquecer-se das mazelas desta vida, pois motivos não faltam a ele para lamentar-se.

2) Este tipo de homem provavelmente sofre de insônia, ou o que é muitíssimo mais co-
mum, é um mentiroso de marca maior.
Digo isso porque tanto para falar como comadres desocupadas à saída da igreja, ou trabalhar como um chinês, é necessário considerável número de horas do dia; como o dia terrestre possui 24 horas, o dito sujeito ou é falador ou é trabalhador, jamais os dois, a não ser que alterem-se o número de horas do dia para trinta e seis ou quarenta e oito.

3) Já o terceiro tipo, é difícil de detectar, pois pelo fato de não falar nada, passa des-
percebido aonde quer que vá, se é que vai a algum lugar; seu passatempo predileto é recostar-se em algum canto e esperar o dia terminar. O problema é que após um dia sempre vem outro.
Como também não é adepto de qualquer esforço físico, a não ser aqueles necessários à manutenção do seu estado semi-vegetativo, não é visto com freqüência em lugares onde não seja possível deitar-se ou encostar-se. A posição que lhe é mais dificultosa é a vertical.
Semi-vegetativo? Sim, digo isso porque até as plantas, nossos irmãos vegetais, crescem e produzem beneficios para outros que não elas mesmas, por isso considero injustiça comparar um maravilhoso vegetal a esse tão odioso lesmão humano.


4) Eis o tipo de indivíduo que é difícil de encontrar, não por ser superior ou mais raro
do que os demais (embora esta afirmação não seja de todo falsa...), mas por geralmente estar ocupado demais para perder tempo com reclamações inúteis e lamentações que não levam absolutamente a nada; enquanto os outros gastam o seu tempo (que têm de sobra) pesando e repesando os prós e contras de tal ou qual atitude a ser tomada, ele já começou e terminou.
Ele nunca esquece que nosso mundo é um lugar prático, em que as decisões espirituais nada valem se não forem convertidas em ações efetivas.
Para encontrá-lo é só ir aonde os outros geralmente não costumam freqüentar; lugares onde se trabalha, onde se estuda, e demais localidades onde a posição mais comum é a vertical, além também de serem lugares nos quais os braços, as pernas e a cabeça substituem a língua no dispêndio das energias.





Neste mundo material os raios do espírito somente revelam-se se existirem aplicações práticas onde essas radiações possam tornar-se visíveis, assim como os raios X são inúteis se não se revela a chapa.

Para aqueles que são adeptos das religiões, sejam quais forem elas, vale a pena lembrar de que somente a intenção não leva a nada. De que adianta ficarmos em casa lamentando a má sorte das crianças vítimas da fome ou violência, se ao desligarmos a televisão preocupamo-nos mais com qual vestido nos servirá melhor ou qual novo modelo de celular é o mais sofisticado? De que servem milhares de orações, admoestações e exortações ao Deus de cada um de nós feitas no ambiente seguro e confortável de uma igreja, se ao sairmos de lá logo corremos a falar mal do vizinho, ou recusamos assistência àqueles que necessitam de nós? Qual a utilidade da caridade exercida somente dentro de um mesmo grupo, ou então condicionalmente, onde somente os “escolhidos” são julgados merecedores das graças? Teremos nós discernimento ou parâmetros para considerar isto ou aquilo melhor ou pior do que as escolhas alheias? Serão casos de personalidades duplas, que dentro da igreja reviram os olhos para o alto, cantando hosanas e louvações ao Criador, e do lado de fora despem a casaca que esconde sua verdadeira personalidade, como se rezas e velas acesas pudessem convencer o Pai Celestial daquilo que no fundo não somos.

Mais vale o ateu ou o herege que ajuda o próximo incondicionalmente do que o religioso que age egoisticamente, ajudando o próximo somente na medida em que estes atos possam reverter-se em benefícios futuros, como se fosse uma conta bancária cujo saldo na hora do juízo divino garantisse um lugar melhor ou pior no céu proporcionalmente ao montante acumulado em anos de hipocrisia.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A soberba


Mais um pecado a confessar.....mas será justificável a soberba, ou será a mesma resultado da inveja alheia?
Falando sério, talvez eu mesmo não tenha noção exata do que seja esse pecado cristão, acredito que meu conceito seja "alguém que possua orgulho excessivo e desmedido".
Mas o que é o orgulho, senão a alegria de conquistarmos algo cuja dificuldade foi extrema, algo como escalarmos altas montanhas, concluirmos estudos difíceis, etc.? Ou então a felicidade de pertencer a alguma etnia ou associação, seja lá qual for, a qual admiramos as qualidades e/ ou virtudes?
Sendo sincero comigo mesmo, se assim for, cometo este pecado todos os dias, como por exemplo, o dia de hoje, que desde a hora em que despertei pareceu-me tão adequado à consumação de tal infração religiosa como qualquer outro dia.....
Muitos talvez possam confundir tal manifestação de meus brios como uma forma velada de racismo, mas se atentarem ao real sentido de minhas declarações, verão que na verdade qualquer suposto racismo e/ ou discriminação somente é resultado de sentimentos de inferioridade, o qual não tenho absolutamente nenhuma culpa.
Estava eu a trocar de roupa no início do expediente de mais um dia de trabalho, quando um "colega" de trabalho (cabe aqui observar que não considero ninguém meu "colega de trabalho", isso é coisa para o Sílvio Santos) resolve tecer um comentário a respeito da brancura de minhas pernas: "Rapaz, você PRECISA tomar um pouco de sol, que coisa horrorosa essas tuas pernas branquelas!"
Após a indignação inicial, resolvi não ficar irritado, atitude esta que considero digna de ignorantes, achei melhor pensar por cinco ou seis segundos antes de proferir mais uma de minhas célebres frases:
"Eu não estou branco, EU SOU BRANCO!"
Ainda observando a expressão atônita do rapaz que teve a ousadia de me desafiar, emendei mais uma:
"Eu sou DESCENDENTE DE EUROPEUS!"
Confesso que após essa declaração, comecei a divertir-me, observando a reação das demais pessoas no recinto:
"Racista FDP, você tem de ir preso!"
"Por quê?" respondi.
"Que papo racista é esse?"
"Exatamente a mesma história que já vi exibida em certas camisetas: 100% NEGRO."
Continuei: "Além do mais, qual o problema em gostar de ser branco? Isso sim é manifestação de preconceito por parte de vocês."
(Cabe aqui uma observação: quase todos que estavam me atacando eram afro-brasileiros.)
Bem, a discussão morreu por aí, pois havia trabalho a fazer, mas tive de aguentar olhares coléricos pelo resto do dia.....
Resumo da história: Fiquei feliz afinal, pois estou conseguindo cumprir minhas metas de cometer um pecado por dia; claro que as oportunidades de consumá-los não estão sendo assim tão frequentes, mas eu trato de não deixar passar nehuma oportunidade!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Balança estranha


Recentemente, ao adquirir frios fatiados no Carrefour Raposo Tavares, observei algo no mínimo curioso. Solicitei ao atendente a quantia de 200 gramas de queijo prato. Após fatiar determinada quantidade, a balança marcava 109 gramas, mas como eu havia pedido 200g, o atendente acrescentou mais 2 fatias, perfazendo um total de 230g. Achei que havia algo estranho, mas na hora não me apercebi do fato devido a minha cabeça estar ocupada com outros pensamentos. Mais tarde, no conforto de minha casa, fazendo a conta, obviamente cheguei à conclusão de que cada fatia pesava 60,5g.(!) (230g - 109g. /2 fatias). Então, deveriam haver aproximadamente 4 fatias (!) no meu pedido. (230g. /60,5g.) Seguindo-se a lógica, e observando-se que o tamanho das fatias era praticamente o mesmo (fatiadas do meio da peça inteira do queijo, e não das pontas), resolvi pesar uma a uma as fatias, na mesma sequência em que foram cortadas. Da 1ª até a 5ª fatia, a balança registrou, respectivamente, 12, 12, 14, 13, 15g., perfazendo o subtotal de 66g. Da 6ª até a 10ª fatia, encontrei 14, 15, 14, 15, 16g., subtotal de 73g. total geral de 139g. E o total de 10 fatias. Ora, obviamente chega-se à conclusão de que a partir do peso de 100g., a balança passa a adotar automaticamente alguma outra referência de peso que não a grama ou o kg. Senão, como poderiam oito fatias pesarem 109g., e outras duas das mesmas dimensões pesarem 121g.?Bem, além da fraude evidente no peso, a qual infelizmente não posso comprovar devido ao fato de que somente percebi o embuste após sair do estabelecimento, fica aqui minha curiosidade se por acaso não haveriam balanças que utilizam escala não-linear no seu software.Será um novo tipo de fraude? Se houver, de quem será a responsabilidade? Fica este registro como alerta.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Utilidade pública


Paralelamente à série de postagens dedicadas ao cometimento dos pecados capitais, colocarei aqui neste espaço, de acordo com minha disponibilidade de tempo e oportunidades, comentários e sugestões que espero que possam ajudar os leitores em coisas do dia-a-dia, triviais ou não. darei alguns exemplos:

-Em certos supermercados, principalmente aqueles pertencentes à alguma rede grande, é comum ser mais barato adquirir duas embalagens de 250g de algum produto do que uma única de 500g. Verifiquei isso ao adquirir maionese.
-Certas marcas mais baratas de papel higiênico contém apenas 20m; antigamente eram 40m, depois reduziram para 30m, agora existem rolos de 20m.
-Por outro lado, existem embalagens "econômicas", que contém rolos de 60m. (teoricamente, nunca me dei ao trabalho de medir), mas se calcularmos o custo do metro linear chegaremos à conclusão de que são mais caras do que aquelas que têm metragem menor.
-Sempre verifique o CNPJ do fabricante de certos produtos que possuem marca própria do estabelecimento; às vezes o produto do mesmo fabricante, porém sem a marca da rede de supermercados é mais barato.
-Felizmente também existem produtos de marcas renomadas que são mais baratos por levarem a marca do estabelecimento ao invés da marca comercial do fabricante.

Espero ajudar com esses pequenos detalhes que observo no meu dia-a-dia. Quem tiver mais sugestões, por favor, escreva-me.

Mais pecados....


Bem, dando continuidade à minha decisão de cometer um pecado por dia, detalhada na postagem anterior, hoje dedicarei o dia à consumação do pecado da preguiça.
Após muito pensar, decidi que o mais lógico em tão importante dia será não fazer absolutamente nada, inclusive escrever neste blog. Mas para não decepcionar os leitores, deixarei aqui uma frase da qual gosto muito, de autoria desconhecida.

"A preguiça é a arte de descansar antes de estar cansado."

sexta-feira, 20 de março de 2009

Os sete pecados


Hoje tomei uma decisão importantíssima.


Tão importante, que com toda certeza meu destino, por ocasião da passagem desta para melhor, será em grande parte decidido após rigorosa análise de meus atos a partir desta tão marcante data.


Decidi simplesmente que a partir de hoje cometerei um pecado por dia. Sete são os pecados capitais, sete são os dias da semana, portanto, nada mais matematicamente tão conveniente.


Convém porém, antes que me amaldiçoem ou chamem-me por nomes indecorosos, esclarecer o leitor a respeito de minha sábia escolha.

Por mais incongruente que possa parecer, minha atitude foi motivada apenas e somente por respeito a Deus. Explico:

Sendo simpatizante da doutrina de Allan Kardec, que por sua vez prega a crença de que aquilo que nos mantém atrelados a este mundo são nossas imperfeições morais, e sendo estas mesmas crenças inspiradas por espíritos superiores conectados à Inteligência Maior, muito presunçosa seria minha modesta pessoa se por acaso viesse a duvidar ou questionar esses pressupostos.
Desta maneira, humildemente aceitando aquilo que minha despreparada consciência não consegue conceber, assumi que de jeito nenhum poderia ter a ousadia de sequer pensar em contrariar aqueles que possuem sabedoria infinitamente maior que a minha.
Portanto, neste memorável dia, começarei minha epopéia cometendo o pecado da gula, aliás, neste momento em que escrevo, já o cometi.
Comecei meu dia apreciando um excelente croissant, não um vulgar pão em forma de lua crescente, mas sim, um pequeno e saboroso folhado enrolado em manteiga de primeira qualidade, acompanhado de um excitante café expresso, o qual despertou-me completamente para o dia que estava se iniciando.
Após horas de intenso trabalho, quando a fome nos chama de volta à realidade terrena, coincidentemente veio parar a meus pés, trazido pelo vento, um folhetim anunciando uma nova rotisserie próxima ao meu local de trabalho.
Sendo fã incondicional da cozinha italiana, não vi neste evento outra coisa senão uma manifestação do Universo, que conspirava para manter-me firme em meu intento. Pois bem, vamos ao dito restaurante.
Qual não foi minha surpresa ao adentrar o recém-inaugurado estabelecimento, quando vi reunidos em um só lugar quase tudo aquilo que faz o delírio daqueles que são praticantes do segundo pecado! Estavam lá à mostra diversos tipos de massas caseiras, além de antepastos diversos e amostras dos mais finos vinhos.
Como sou, além de modesto, bastante ponderado e sábio em minhas decisões, pensei: "Vamos devagar, vamos pecar parcimoniosamente, assim nunca faltarão pretextos para desviarmo-nos do caminho reto"; escolhi então uma tentadora porção de ravioli recheado com camarões e catupiry, acompanhado de uma substanciosa salada verde, pão italiano e sardela, logicamente tudo isso regado à agua mineral gasosa, o elixir borbulhante da vida.
Bem, já tendo a minha frente o alvo de meu pecado diário, passei então à consumação do mesmo.
Após meu estômago haver decidido que eu já pecara o suficiente, chamei o garçom e solicitei a conta.
Confesso que quase não acreditei ao ler o valor escrito na comanda: "R$13,00"!
Não que seja particularmente adepto da pechincha, pois é sabido que normalmente qualidade e preço não andam de mãos dadas, mas surpreendi-me favoravelmente e proferi mais uma de minhas célebres frases: "Puta que o pariu, melhor que isso, só dois disso!".
Bem, não houve mais "disso", mas acabei sendo presenteado, a título de cortesia, talvez pela simpatia que demostrei ao proprietário do local ao tecer comentários elogiosos à qualidade da refeição servida, com um tablete do mais puro chocolate, iguaria essa que apreciarei mais à noite em companhia de amigos.
Cabe aqui uma pequena observação: após escrever estas linhas, percebi que talvez tenha cometido não apenas um, mas dois pecados neste dia; além da gula, fui vítima da soberba, pois acredito que tenha deixado aos leitores a impressão de que sou algo exigente em questões relativas ao paladar. Assumo que tudo isso é verdade.
Mas como Deus é perfeito, e tudo tende naturalmente ao equilíbrio, para compensar meus pecados neste dia, brindo a vocês com minha honestidade ao confessar-me um pecador, e aos meus amigos, com minha generosidade ao partilhar um chocolate que obtive de graça.

terça-feira, 10 de março de 2009

A evolução circular


Poucas coisas neste mundo são tão absolutas e verdadeiras como o círculo, essa figura geométrica que materializando-se na forma da roda pelas mãos de algum inspirado troglodita de um passado distante, livrou o homem, pelo menos em parte, do esforço inútil que entravava o rápido desenvolvimento da civilização. Mas deixemos de dissertações longas e sem utilidade, pelo menos por enquanto, e concentremo-nos no estudo da influência do círculo na evolução humana.
Quase tudo que possui soberba importância neste mundo, seja objeto na forma material ou imaterial, possui forma circular. Esta constatação foi feita após incontáveis horas de ócio criativo passadas na rede de minha residência, e altamente estimulada por inúmeras taças de um excelente vinho chileno. É como afirmei em outra anterior postagem: como dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, quando bebemos, ao mesmo tempo em que o álcool entra em nosso cérebro, automaticamente as idéias vão saindo; por isso o dogma particular que diz que o sujeito que bebe é mais criativo.
No campo da matéria perceptível pelos nossos cinco sentidos, o círculo encontra-se presente, como percebi obviamente, no formato de nosso planeta. Daí decorre que tudo o mais deve ou deveria estar de acordo com esse formato, pois acredito que seja do conhecimento da maioria que as coisas redondas (que não é senão um círculo tridimensional) adaptam-se melhor a outras coisas redondas.
Continuando com esse raciocínio altamente científico, fica fácil então imaginar todos os objetos que possuem essa forma: a roda, o hélice, enfim, tudo aquilo que significa movimento, rapidez, associados comumente aos meios de transporte, que foram os maiores impulsionadores do progresso humano. Deduz-se então que o significado implícito do círculo é a evolução, o impulso à frente. O termo evolução, por conseguinte, é o correspondente metafísico do círculo. É o círculo imaterial.
Mas meus pensamentos foram bruscamente interrompidos quando por acaso um jovem com inúmeros acessórios metálicos grampeados em várias partes do rosto, mais conhecidos como piercings, esbarrou em meu braço, ocasionando, além de pensamentos impublicáveis, a queda da taça de vinho que estava sobre a mesa do bar (sim, o balcão ou a mesa do bar é o meu desktop).
Após solicitar ao garçom outra dose da bebida, poucos segundos depois, minha inteligência refinada captou uma mensagem, um sinal: aquele incidente chamou a atenção para o fato de que o ser humano está obviamente inserido no contexto circular metafísico da evolução, porém algo estava errado, o que seria?
Como sou um sujeito modestíssimo no auto-julgamento, com a genialidade que me é característica, digo com plena certeza que o homem evolui circularmente, mas infelizmente a roda patina e não vai para a frente. Explicarei.
Desde o tempo do Neandertal, tenho certeza absoluta de que o homem evoluiu. Naquela distante época, o homo sapiens começou a sentir desejos de enfeitar-se; penas de aves espetadas nas orelhas, pedaços de pau entalhados atravessados nos lábios, e muitas coisas mais. Para o bruto daquela era, um graveto espetado no queixo deveria causar a mesma impressão que uma jóia da H.Stern causa hoje. Muda-se a forma, mas mantém-se a essência.
O piercing, então, seria o fechamento do círculo da evolução referente aos adornos faciais, só que percebam que não houve evolução, voltamos à estaca zero nesse item.
Indo mais além, já na terceira ou quarta taça de vinho, concluí então que algo semelhante pode acontecer nos outros ramos da história humana. Mas isso ficará para uma outra postagem, por enquanto devo encerrar aqui pois já estou com excesso de idéias saindo da cabeça....

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Santíssima Trindade


Existe comprovadamente o fato de que o número três é onipresente em quase tudo neste mundo; podemos citar apenas alguns exemplos: na astronomia, temos as Três Marias, no campo da superstição, a crendice reza que devemos bater três vezes na madeira para afastar o azar, assim como são três os Reinos da Natureza, o animal, o mineral e o vegetal. Se pretendêssemos citar tudo que conhecemos relacionados a esse número, necessitaríamos de maior número de volumes que possui a famosíssima Enciclopédia Barsa.
Naturalmente, essa constatação não poderia deixar de fora o assunto que é, foi e sempre será o maior interesse do homem nesta vida: as mulheres. Explicarei.
Todo homem possui ao longo de sua existência três mulheres essenciais: a esposa, a musa e a mãe.
A esposa é aquela que elegemos (ou fomos elegidos) para compartilharmos nossa vida, nos bons e maus momentos (de preferência os bons....), para nos deleitarmos nas delícias da vida conjugal, enfim, é aquela mulher que possui as qualidades por nós apreciadas que nos fazem sentir vontade de estar a maior parte do tempo ao seu lado.
Já a mãe, como não poderia deixar de ser, é aquela responsável por nos criar, protegendo-nos na infância até crescermos e estarmos preparados para a vida adulta; é ela que nos orienta para o bom caminho (mesmo que saiba que vamos nos desviar para o mau caminho após sairmos de debaixo de suas saias...)
Já a musa merece um capítulo à parte: é aquela mulher que adoramos como se estivesse num altar, que possui todos os predicados e adjetivos belos e perfeitos, mas não permitimos que ela desça do pedestal por motivos variados que talvez não seja conveniente citar, portanto, é melhor que ela fique lá mesmo.
Bem, como a Mãe Natureza é sábia, não cabe ao homem estragar essa perfeita Trindade em equilíbrio.
Essas três mulheres têm cada uma o seu lugar na ordem natural das coisas. Elas podem até trocar de lugar entre si no decorrer da vida, mas não podem de maneira nenhuma ocupar o lugar da outra sem que ceda o lugar ocupado anteriormente para uma das partes dessa Trindade.
Se a musa por acaso ocupar o lugar da esposa sem que esta ocupe o lugar da mesma, o equilíbrio natural e sábio da Natureza será perturbado; as consequências serão desastrosas como: maldições proferidas pela musa (agora esposa) direcionadas à ex esposa, horríveis escândalos, etc, que geralmente terminam com o homem em desvantagem e escorraçado por ambas, pois as mulheres são unidas nas desgraças (mesmo que sejam as delas mesmas)
Por motivos óbvios, pelo menos para as pessoas normais, a mãe não pode e não deve ocupar o lugar da esposa, porém pode ocupar o lugar da musa, mas neste caso o homem novamente sofre terríveis represálias, pois as outras mulheres (a esposa e a ex-musa) provavelmente o atormentarão, porque nenhuma mulher em seu juízo normal suporta que seu homem idolatre sua mãe.
Se por acaso a esposa resolve deixar o papel de esposa e se tornar uma musa, é algo preocupante, pois geralmente nesses casos ela se torna a musa de algum outro homem, e num futuro geralmente não muito distante, ela assumirá o papel de esposa do outro homem, e a esposa desse último virará musa de algum terceiro homem, e assim caminha a humanidade numa roda sem fim.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O sexo dos objetos


Qual será a origem do "sexo" dos objetos? Por que atribuímos um sexo para determinado objeto, sendo que não existem dois sexos para uma mesma coisa?
Sempre me perguntei se por trás desas denominações não existem certas experiências pessoais que levaram aquele que batizou o objeto escolher determinado sexo para o mesmo. Difícil imaginar que tipo de acontecimento ocorreu para que tal nome ou sexo fosse atribuído a qualquer coisa. A única vez que consegui imaginar algo do tipo foi com relação às cadeiras (móvel que serve para nos sentarmos). Será que CADEIRA é feminino devido a características associadas às mulheres? Analogamente, assim como as cadeiras, são consideradas vagabundas aquelas que abrem as pernas facilmente (concordo que é uma opinião machista, mas nem por isso deixa de refletir o pensamento de muitas pessoas).

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Preconceito


Sempre tive certas curiosidades a respeito dos preconceitos existentes, sejam eles de raça, cor, religião, etc.
É muito fácil e atualmente politicamente correto combater o preconceito, mas isentando-nos de quaisquer idéias ou ideologias pré-concebidas (que também são um preconceito, não se esqueçam do significado absoluto desta palavra), questiono: de onde vêm os preconceitos, qual a razão de existirem?
Será que de repente, num dia de sol, alguém simplesmente decidiu: "A partir de hoje, dia X do mês Y do ano Z, decreto que todos os fulanos são assim e assado, mesmo sem conhecê-los"?
Pensando sem hipocrisia, será que existem fundamentos nos preconceitos? Seriam eles frutos de observação, experiências vividas, ou seriam delírios de algum louco que foram aceitos pela sociedade, dessa maneira poderíamos supor que essa sociedade que os aceitou seria tão demente quanto esse louco?
Acredito sinceramente na igualdade de direitos de todo e qualquer ser humano, porém isto não significa que acho que todos são iguais. Seres humanos são iguais perante a lei, não perante uns aos outros. Tanto é que existe um princípio em Direito (não me lembro quem inventou) que diz: "Igualdade é tratar os desiguais de maneira desigual".
Enquanto isso, prossigo na minha observação da vida, quem sabe um dia ainda chego a alguma conclusão sobre isso? Por ora, satisfaço-me em exorcizar meu Demônio Particular.

Papai Noel existe


Claro que existe.

Supondo-se que algo é invisível aos nossos olhos físicos, podemos deduzir sua existência a partir dos resultados ou consequências da existência do objeto ou ser propriamente dito.
Imagine-se você com três anos de idade; um pedido é feito, e na noite de Natal surpresa! Aquilo que você tanto queria "materializou-se" aos pés da árvore de Natal.
Conclui-se então, metafisicamente falando, que toda realização começa com a intenção, tudo aquilo que queremos já existe potencialmente no Universo.
Tá bom, muitos dirão "Ah, mas não existe milagre de Natal, os presentes foram comprados pelos pais da criança!" Claro, mas alegoricamente falando, a descoberta de que Papai Noel não existe significa nossa evolução futura em termos de percepção, ou seja, aquilo que hoje é mistério, amanhã será corriqueiro.
Mas do ponto de vista da criança, a existência de Papai Noel é tão certa e maravilhosa quanto a existência de Deus para os adultos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

País das mentiras


"PREÇO NÃO SE DISCUTE"
"Cobrimos qualquer oferta da concorrência direto no caixa"


Bom seria se essa afirmação fosse verdade.
Anteontem, comprei um produto no Extra, pagando pelo mesmo R$6,79. Ao retornar para casa, lembrei-me que havia esquecido de comprar alguns itens, e como o Carrefour estava mais próximo, resolvi adquirir os itens faltantes lá mesmo.
Qual a minha surpresa ao encontrar o mesmo produto que comprei no Extra por R$6,79 sendo vendido no Carrefour por R$4,48! Mais de 50% de diferença!
Lembrei-me então do anúncio no Extra: "Preço não se discute", e no dia seguinte dirigi-me ao mesmo para verificar a veracidade da afirmação. Devo confessar que não nutria realmente esperanças, mas vamos lá....
A atendente do SAC, ao ser questionada por mim, respondeu: "Senhor, somente cobrimos ofertas que estejam anunciadas naqueles jornaizinhos distribuídos dentro do mercado", e então perguntei:
"Mas então porque vocês escrevem aquilo nos cartazes, dizendo que cobrem as ofertas?"
Ela não soube me responder, somente ficava afirmando repetidamente que somente cobriria produtos que estivessem anunciados no "jornalzinho".
Bem, eu estava de posse dos dois cupons dos supermercados concorrentes, acho que não há prova melhor da comparação de preços.
Mas não sei por que aindo me surpreendo com isso, acredito que fazer declarações enganosas faz parte da cultura brasileira...sei lá.
Somente lembrem-se que meias verdades também são meias mentiras.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Andando em círculos


Fé - s.f. (Do lat. Fides) Adesão total do homem a um ideal que o excede. Muito se tem falado a respeito dela; pessoas morrem por devoção à fé, mentes são dominadas, grandes coisas são atribuídas a ela, talvez seja a fé que nos conforte e nos dê esperanças acerca de um futuro incerto, não necessariamente ruim, enfim, a despeito da definição supra citada, qual o significado, e por quê ela é inerente ao ser humano? Não posso responder pelos outros por motivos óbvios, por isso falarei por mim. Desde os primórdios da minha jornada nesse mundo, na qualidade de ser humano, com todas aquelas atribuições que a maioria de vocês já estão cansados de saber, tenho me questionado: “Sim, talvez tenha uma noção do que seja a fé, mas, e daí?” A vida não se resume e talvez nem seja o ato de encontrar respostas, mas sim, a própria busca em si. Partindo-se desse princípio, na busca por respostas, não no intuito de encontrá-las, mas sim, com a intenção clara de vivenciar cada minuto dos caminhos prováveis que nos conduzem a que chamaríamos de “verdade”, senti que andava em círculos, pois cada caminho terminava em algo que só poderia ser explicado, ou melhor, intuído através da fé; fechava-se assim mais um círculo dentre tantos já fechados. Ficava no ar a seguinte questão: Seria a fé então a razão de viver, ou a razão de viver seria a fé? Mais um círculo a ser fechado; busquemos então o porquê da fé, seja lá em quê. Fé cega, acreditar em algo simplesmente por acreditar, sem questionamentos. Certo ou errado, não sei, para mim, apenas insatisfatório, o que não seria nenhuma novidade, em se tratando de uma pessoa cética em relação a muitas coisas. Raciocínio? Sim, a razão expõe, disseca, prova por A+B que isto é assim, porque X+Y=Z. Correto, mas também insatisfatório. Por quê? Porque o que nos leva a preferir a razão à fé simples é justamente algo que não pode ser explicado pela própria razão! Seria, por conseguinte, a fé oposta à razão.
Mas, ironicamente, o que me levaria a pensar assim, a não ser a própria fé na razão, que por si só não é prova de nada? Daí veio a questão da Fé Raciocinada. Como me sei possuidor de recursos linguísticos limitados, tentarei expor meu ponto de vista através de exemplos, pois assim conseguirei talvez ser mais claro, ou como alguns preferirem, menos obscuro. A questão eterna: Deus existe? Prove, então! Diria eu: “Impossível provar, embora sinta que ele exista”. Ridículo! Como assim, sentir, dê-me provas! Suponha que vivemos numa terra de cegos de nascença; um belo dia, você começa a enxergar, e proclama aos quatro ventos: “Eu vi a luz! Eu vi a luz!”. Verdade, óbvio, pois tanto eu como você sabemos que existe a luz, pois não somos cegos. Aí vem um dos cegos e pergunta: “Prove-me que você viu a luz, a luz não existe, isso é lenda! Aquilo que chamam de cor também é lenda!” Como provar a um cego que a luz e a cor existem? Chegamos a um ponto em que poderia-se dizer que algo pode existir ou não, dependendo do alcance de nossos sentidos físicos; começamos a sair do terreno do místico para o terreno da ciência tal e qual nós a conhecemos.
Tenho a intuição de que Deus existe; primeiramente, pelo próprio fato de negar a sua existência, o que nos leva a pensar que só podemos negar aquilo que pode existir, seja lá em que dimensão; damos a nós mesmos o benefício da dúvida. Coisa mais banal, mas não desprezível, seria o fato de quase sempre grafarmos a palavra “Deus” com inicial maiúscula, mesmo aqueles que não crêem nele, o que não faz sentido; não se pode e nem haveria como prestarmos deferência à algo que não existe. Enfim, posso, na minha concepção, definir Deus como “algo” que não conseguiria provar a existência justamente por falta de definição; mas seria essa falta de definição prova de sua não-existência? Como na história dos cegos, poderia ser simplesmente falta de alcance de nossos sentidos enquanto seres humanos materiais. Não tenho a intenção de me auto-denominar sabedor da verdade, pois acredito que a verdade só existe enquanto conceito, conceito este que pode ser derrubado por qualquer outra coisa que se denomine também “verdade”. Tudo é verdade sob o ponto de vista daquele que assim crê, porém cada um vê as coisas de uma maneira particular; portanto, só existe a nossa verdade. Enquanto isso, fico com a “minha” verdade: A fé existe sim, porém só em relação à coisas que sabemos intimamente existir, coisas percebidas por algo que o homem vai um dia perceber: Uns chamam de intuição, outros de sexto sentido, não importa qual nome lhe seja dado, o que importa é que não há como negar, pelo menos para mim.

Qual é a SUA verdade?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O começo


Talvez seja um bom começo dizer que isto não é um começo, pelo menos em minha cabeça; é apenas um momento localizado em alguma parte de minha vida em que resolvi compartilhar aquilo que ferve em meu cérebro desde que me entendo por gente.
Digo ferve porque minha cabeça literalmente esquenta! Acredito que o motivo dessa alta temperatura seja o choque interno das idéias umas com as outras, liberando energia em forma de calor. Espero que o ato de escrever contribua para baixar a temperatura de meu cérebro, evitando assim que meus neurônios queimem. Se for para queimá-los, que seja de outra forma, preferencialmente bebendo! Se bem que alguém me disse uma vez que quem bebe é mais criativo por uma simples e básica lei da física: duas coisas não podem ocupar o mesmo lugar no espaço; portanto quando o álcool entra, os pensamentos saem.
Desculpem os acentos, é que não concordo com a nova gramática que os suprime. Acho que as palavras sem acento são menos expressivas, são como comida de hospital, correta mas sem sabor.