domingo, 14 de junho de 2009

Ecologicamente (in)correto?


Ecologia, ecologicamente correto, reciclagem....eis algumas das palavras que atualmente pairam sobre nossas cabeças como nuvens terríveis e ameaçadoras precursoras de tempestades que desabarão sobre nós caso nos recusemos a segui-las ou ouvi-las.

Tendo em mente o pressuposto de que tudo aquilo, ou quase, que nos é repetido insistentemente, dia após dia, hora após hora, geralmente é uma mentira que querem que se transforme em verdade, passei a questionar o porquê desse barulho todo a respeito do tema, além da lógica que supostamente há nesta atitude.
Parti então de alguns princípios:

1) A Natureza é lógica.
A Natureza, tal qual a conhecemos, não tem princípios morais, nem emocionais; ela segue estritamente tudo aquilo que é naturalmente mais lógico. Uma espécie é fraca? Elimine-a. Uma espécie é mais forte? Naturalmente esta predominará sobre as demais. O rio foi represado? Fatalmente outros lugares se inundarão.

2) O ser humano não é predominantemente lógico.
Somos, em diferentes proporções individualmente, uma mistura de razão e emoção, sendo que a primeira, que é parceira da lógica, segue seu curso independente de quanto a segunda se oponha à ela pelos mais misteriosos motivos. Existe um paradoxo aqui; faz parte da lógica que o ser humano seja emocional, eis mais um dos truques da natureza para que o homem jamais deixe de pensar e se desenvolva mentalmente.

3) A parte mais sensível do homem é o bolso.
Verdade absoluta, e portanto, inquestionável.

Respeitando-se esses três princípios (eis aqui o número três novamente...), a que conclusão chegamos?

O ecologicamente correto não é logicamente correto.

Alguns me perguntarão: "Mas como não é correto reciclar os materiais? Você prefere deixá-los abandonados, poluindo nosso planeta?" Explicarei.
Estamos vendo as coisas referentes ao tema sob uma só ótica, a ótica da ecologia. Mas ela sozinha não oferece uma visão abrangente, somente consegue abraçar parcialmente o tema. Analisando-se estas coisas da maneira que nos são propostas, seria equivalente a lermos um livro começando-se pelo fim. Simplesmente podemos imaginar como foi o começo da história, ou então dizermos "Concordo", mesmo sabendo que não entendemos nada daquilo que nos foi dito, simplesmente aceitamos como verdade aquilo que nos foi imposto. Sem questionamentos e sem dúvidas. Nada mais cômodo do que isto para mantermos nossas consciências limpas.
O que seria então o logicamente correto?

Seria o não termos o que reciclar.

Por quê reciclarmos garrafas PET, se podemos usar garrafas de vidro?
Por quê reciclarmos papel, se podemos prescindir do mesmo em muitas coisas?

Vejam bem, não devemos confundir reciclagem com reutilização, são duas coisas diferentes.
Não sou contra a reciclagem, sou plenamente defensor do não desperdício de materiais cuja produção é dispendiosa. Apenas afirmo que hoje em dia recicla-se coisas demais, antes mesmo que as mesmas estejam tão desgastadas a ponto de justificar seu envio ao desmanche ou reaproveitamento. Da maneira que as coisas estão atualmente, a reciclagem tão proclamada como a penicilina do meio ambiente, nada mais é do que a consequência de uma indústria de descartáveis, com a diferença de que os detritos gerados pela mesma são reaproveitados sem nenhum benefício a não ser para aqueles mesmos que os produzem. Ou seja, compramos a preço de descartável (mais caro) aquilo que foi reciclado. Bem diferente do que seria se nos ativéssemos mais à reutilização dos produtos. Não se enganem com essas histórias de respeito à natureza, preocupação com o ambiente, e mais coisas do gênero. Mesmo com toda essa política de reciclagem tão apregoada pelas empresas, o lixo no mundo aumenta cada vez mais, fato que não deveria ocorrer caso essas histórias fossem mais verdadeiras do que os contos dos Irmãos Grimm.
Nos idos dos anos de 1960/ 1970, dos quais sou contemporâneo, mesmo sem que a grande maioria das pessoas sequer imaginasse que houvesse algo chamado ecologia, éramos mais lógicos; darei alguns exemplos:

-Não haviam sacolas plásticas nos supermercados, mas sim, sacos de papel. Após chegarmos em casa com as compras, podíamos utilizar os sacos como papel para anotações, após recortarmos os mesmos no formato adequado.
-Os refrigerantes somente existiam em embalagens de vidro, pagávamos apenas o líquido. Felizmente, atualmente algumas marcas de bebida estão tendendo ao retorno desta prática.
-Não havia sacos plásticos de lixo, o coletor despejava o conteúdo do balde de lixo caseiro (geralmente metálico, que durava muitos anos) diretamente na caçamba do caminhão. Neste mesmo lixo havia geralmente pouquíssimos resíduos não-orgânicos, pelo simples fato de que naquela época não haviam tantos materiais sintéticos não-biodegradáveis. Os restos que por acaso permanecessem na lata de lixo, eram lavados e jogados no quintal da casa, geralmente de terra, e transformava-se em adubo. Haviam muitas casas com quintal de terra, portanto havia mais árvores e menos enchentes, pois a quantidade de solo permeável era muito maior.
-Quando os vasilhames de vidro e artefatos metálicos já se apresentavam muito desgastados, geralmente após muito tempo de uso, eram recolhidos pelos "carroceiros", que os encaminhavam para a reciclagem.

A reciclagem é benéfica, mas desde que o ciclo de utilização dos produtos seja mais longo.
Isso somente poderá ser conseguido com a melhora da qualidade das embalagens e vasilhames, além da fabricação de produtos mais duráveis, fatos estes totalmente contrários aos interesses da maioria das indústrias. Infelizmente para nós.

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